O ronco, embora aparentemente inofensivo, pode trazer sérios problemas sociais, tais como desentendimento entre cônjuges, constrangimento ao se dormir fora de casa e, principalmente, problemas decorrentes de uma noite mal dormida, como dor de cabeça, dificuldade de concentração, sonolência e até mesmo depressão.
Esses sinais podem ser vistos também nos roncadores passivos, ou seja, nas pessoas que nem sofrem com o problema, mas que partilham o quarto ou a cama com os que sofrem desse mal e hoje são aproximadamente 65 milhões de brasileiros, principalmente homens acima dos 40 anos.
Pior do que o ronco, e mais grave é a apnéia do sono que atinge cerca de 15 milhões de brasileiros. A diferença entre ronco e apnéia é que o primeiro é conseqüência do barulho excessivo que faz a passagem do ar pela garganta, quando os tecidos internos estão bem relaxados; já a apnéia é o fechamento da passagem do ar pelos próprios tecidos da garganta, podendo deixar uma pessoa durante um bom tempo sem respirar durante o sono, e que pode ocorrer até 300 vezes em uma só noite.
Antigamente, o ronco e a apnéia podiam ser tratados apenas com equipamentos complexos ou intervenção cirúrgica. Com os avanços da tecnologia na odontologia, hoje existem aparelhos intra orais, confeccionados por cirurgiões dentistas.
O dispositivo anti ronco (DAR) deve ser usado somente na hora de dormir e acaba também resolvendo o problema do bruxismo, pois impede o ato de ranger os dentes. O DAR é feito a partir de duas placas acrílicas, superior e inferior, conectadas, que reposicionam a mandíbula e suspendem os tecidos relaxados, evitando que essas estruturas impeçam a passagem de ar durante o sono, no decorrer da noite, apresentando alto índice de sucesso, cerca de 87%. Pacientes edêndulos (sem dentes), que usam prótese total ou não, pessoas que possuem próteses parciais extensas que não permitem uma boa fixação do dispositivo e problemas de periodontais em estágios avançados contra indicam a utilização do aparelho.
O sistema circulatório de uma pessoa adulta que apresenta apnéia possui um envelhecimento de cerca de dez anos a mais do que de uma outra pessoa que não apresente o problema.
As pessoas devem se conscientizar de que o ronco incomoda, mas a apnéia pode matar, e esses dispositivos podem ser uma boa opção de tratamento.
Dra Milena Bottecchia
CRO. 66436
Responsável pela Equipe de Buco-Maxilo-Facial do Hospital Beneficência Portuguesa de São Caetano do Sul.