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Síndrome de Costen

Definida como um conjunto de sinais e sintomas auditivos em pacientes portadores de Disfunção têmporo mandibular, a Síndrome de Costen é caracterizada por sensação de plenitude auricular (ouvido tampado), hipoacusia (baixa audição), zumbido, otalgia (dor de ouvido) e vertigem.

Herpes, glossodinia (ardência na língua), neuralgia glossofaringeal (dor atrás da língua)  e trismo (travamento da boca) também podem estar associados. A Síndrome de Costen parece ter predileção pelo sexo feminino e na quarta década de vida. O acompanhamento multiprofissional desses pacientes é imperativo no seu reconhecimento e no estabelecimento de terapêutica eficaz.

Desde os estudos publicados por Costen  em 1934, tem-se discutido a hipótese de uma conexão direta entre disfunções na articulação temporomandibular e a presença de sintomatologia auditiva. A perda dentária posterior pode causar dor na mandíbula e nas articulações,  sobremordida resultando em pressão dos côndilos sobre as estruturas próximas ao ouvido, principalmente sobre vasos e nervos auriculotemporais e meato acústico externo.É recomendável que a terapêutica inicial dos pacientes portadores da Síndrome de Costen seja conservadora, não invasiva e reversível.

Alguns protocolos terapêuticos alternativos apresentam efeito satisfatório com o seu uso periférico, tais como aplicação local de calor ou gelo, exercícios mandibulares, automassagem, compressão e injeção nos pontos-gatilho, enquanto outros atuam de forma central, o que inclui relaxamento, biofeedback e acupuntura.

Desde os anos 30 do século XX a possibilidade da conexão direta entre desordens temporomandibulares e otalgia tem sido discutida e se mantém controversa. No entanto, de um modo geral, pacientes sem etiologia otológica identificável que procuram cuidados para Síndrome de Costen beneficiam-se com o tratamento odontológico. A abordagem terapêutica preconizada para os pacientes permitiu melhora progressiva da sintomatologia, com remissão da dor muscular localizada e das articulações temporomandibulares após três semanas de tratamento. A dor de cabeça diminui normalmente após quatro semanas e o zumbido, praticamente desaparece. A acupuntura tem se mostrado eficaz para tratamento de ATM, demonstrando alivio da  sintomatologia dolorosa na musculatura facial.

A relação entre Desordem Temporomandibular e Cefaléia tem sido verificada por meio do alívio da dor após o tratamento da desordem com melhora da função. A reabilitação oral é fator primordial para o sucesso do tratamento.

Dra Milena Bottecchia

CRO 66436

Responsável pela Equipe de Buco-Maxilo-Facial do Hospital Beneficência Portuguesa de São Caetano do Sul.

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